Os riscos do uso não autorizado de Inteligência Artificial nas empresas: por que sua organização precisa de regras claras
O uso descontrolado de Inteligência Artificial pode gerar vazamento de dados, violação à LGPD e danos à reputação. Entenda os riscos e saiba como criar políticas seguras de uso de IA na sua empresa.
Laila Reis Araujo
10/30/20254 min ler


A Inteligência Artificial (IA) já faz parte do dia a dia das empresas brasileiras. Ferramentas como ChatGPT, Copilot, Gemini e outras prometem otimizar tarefas, reduzir custos e aumentar a produtividade.
Mas, ao mesmo tempo em que os benefícios se multiplicam, cresce também um fenômeno silencioso e arriscado: o uso de IA sem aprovação formal, fora do controle de compliance, jurídico ou tecnologia da informação.
Esse comportamento, conhecido internacionalmente como “Shadow AI”, ocorre quando colaboradores utilizam ferramentas de IA por conta própria e isso pode gerar sérios riscos legais e reputacionais.
O que é o uso não autorizado de Inteligência Artificial
O uso não autorizado de IA acontece quando uma pessoa, setor ou equipe faz uso de plataformas de IA sem o aval da empresa, da área de TI ou do jurídico.
Pode parecer inofensivo usar uma ferramenta de IA para resumir um documento ou criar uma proposta comercial. Mas, sem o devido controle, a empresa pode estar expondo dados sigilosos, informações de clientes e até segredos industriais a plataformas externas que armazenam ou utilizam esses dados para treinar seus próprios modelos.
Na prática, é como se houvesse uma “IA paralela” dentro da organização e uma tecnologia operando fora do radar das políticas internas. Por isso, é fundamental mapear o uso da Inteligência Artificial, estabelecer políticas claras de utilização e, principalmente, conscientizar os colaboradores sobre um uso responsável. A tecnologia existe para ser usada, mas a forma como se usa é o que faz a diferença.
Principais riscos para as empresas
1. Vazamento de dados e violação da LGPD
Quando informações pessoais ou sensíveis são inseridas em sistemas de IA de terceiros, a empresa pode violar a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Mesmo que o colaborador atue de boa-fé, o simples ato de compartilhar dados sem autorização pode gerar responsabilidade civil e administrativa. E o pior: a IA pode utilizar essas informações ou textos inseridos para se aperfeiçoar e gerar respostas futuras com base nesses dados, o que aumenta significativamente o risco de vazamento e perda de controle sobre o conteúdo compartilhado.
2. Violação de direitos autorais e propriedade intelectual
Textos, códigos ou imagens criados com IA podem envolver materiais protegidos por direitos autorais. Além disso, inserir conteúdo interno como relatórios, contratos ou trechos de software em sistemas externos pode representar divulgação indevida de informações confidenciais. Deixe claro, em suas políticas internas, que informações corporativas ou confidenciais não devem ser inseridas em ferramentas de IA generativa.
3. Falta de rastreabilidade e de governança
Sem controle sobre as ferramentas utilizadas, a empresa não consegue auditar decisões, corrigir erros ou identificar a origem de determinada informação.
4. Danos à reputação e riscos regulatórios
A IA pode “alucinar”, isto é, criar dados inexistentes ou transmitir informações incorretas, já que foi projetada para sempre oferecer uma resposta. Agora, imagine repassar a um cliente uma informação errada gerada por uma ferramenta de IA: isso pode resultar em perda de confiança de clientes e parceiros e, em casos mais graves, riscos regulatórios, especialmente se o erro ou vazamento configurar um incidente de segurança de dados. Nesses casos, a empresa pode ser obrigada a notificar a ANPD, responder a sanções administrativas e até enfrentar responsabilização civil.
O que pode e o que não pode fazer com IA nas empresas
A boa notícia é que é possível usufruir dos benefícios da Inteligência Artificial de forma segura e responsável, desde que existam regras claras.
✅ O que pode fazer
Usar ferramentas de IA aprovadas internamente, com termos de uso revisados pelo jurídico.
Empregar IA em tarefas genéricas, sem dados pessoais ou confidenciais.
Utilizar IA para apoio à produtividade, com revisão humana dos resultados.
Treinar modelos internos com dados anonimizados.
Promover capacitação sobre boas práticas no uso da IA.
❌ O que não pode fazer
Inserir dados de clientes, planilhas ou contratos em plataformas externas.
Repassar resultados produzidos por IA sem revisão humana.
Utilizar IA para decisões automatizadas sem critérios claros.
Usar ferramentas sem verificar origem, política de privacidade e licenças e sem realizar análise prévia de riscos.
Como criar uma política de governança de IA
Para evitar riscos, as empresas devem estruturar uma política de governança de IA que envolva jurídico, compliance, TI e RH.
Passos essenciais:
Mapeie os usos atuais de IA na empresa.
Defina diretrizes claras sobre o que é permitido.
Aprove apenas ferramentas seguras e registre todo o processo de aprovação, incluindo a análise de riscos de segurança da informação e riscos jurídicos associados ao uso da IA.
Treine os colaboradores sobre uso adequado e aprovado, sobre os riscos.
Monitore continuamente o uso das ferramentas.
O papel do jurídico na governança de IA
A atuação jurídica é fundamental para garantir o uso ético e seguro da Inteligência Artificial. Um escritório especializado pode auxiliar empresas a:
Mapear e mitigar riscos de compliance e proteção de dados;
Elaborar políticas internas de IA;
Revisar contratos com fornecedores de tecnologia;
Adaptar processos à LGPD e normas internacionais de IA responsável.
A assessoria preventiva evita litígios, vazamentos e danos à reputação, garantindo que a inovação ocorra com segurança jurídica.
A Inteligência Artificial é uma aliada poderosa, mas o uso sem regras pode se transformar em uma grande vulnerabilidade.
Mais do que adotar novas tecnologias, é essencial adotar governança, criando políticas internas e promovendo o uso consciente.
Empresas que se antecipam ao tema evitam riscos e ganham vantagem competitiva. Se ainda não há regras claras, este é o momento de agir. Fale conosco e saiba como implementar uma política de governança de IA que proteja sua empresa e assegure conformidade com a LGPD.


